de segunda a sexta, vivo algumas horas de pobreza vulgar e caótica
sou atravessada por coisas das quais não entendo, energias me afetam e não identifico claramente
sinto grandes exigências cognitivas e delas tenho preguiça
o ambiente escolar com todos seus atores e estruturas físicas
alunos, profissionais da educação, merendeiras, salas quadradas, corredores e pilastras, carteiras enfileiradas,
muitas carteiras formando corredores que impedem passagens
carteiras arrastadas e seus ruídos
alunos que nada tem a perder, sem claras referências de si mesmos, muito menos daquele espaço
alunos e professores utilizando parte de seu tempo ali
utilizar é gastar
a escola, idealizada como local do conhecimento e saber, se faz lugar de vulgaridades e violências
destas não compreendo o suficiente
ali busco o controle de meu corpo
no desejo de me relacionar (relacionamento-construção), deixo de viver este ambiente em suas possibilidades
deixo de me alimentar com suas "evocações extremante rápidas"
passo por ali desejando o desejo do outro, partindo de uma concepção fechada de desejo e vontade
por hj desejo o poder da indução hipnótica




Deleuze: (...)o importante no mundo é tudo que emite signos. A não-elegância e a vulgaridade também emitem signos. É muito mais isso que me importa. São as emissões de signos. É certamente por isso que gostei tanto e ainda gosto de Proust. O mundanismo, as relações mundanas, são emissões de signos fantásticas. O que chamam de gafe é uma não-compreensão de um signo. São signos que as pessoas não entendem. A mundanidade como um meio fértil de signos vazios, absolutamente vazios, sem interesse algum, mas são as velocidades, a natureza das emissões. Isso tem a ver com o mundo animal, pois ele também é um emissor de signos fantásticos. Os animais e os mundanos são mestres em signos.
Entrevistadora: Você não sai muito, mas sempre preferiu noites mundanas a conversas entre amigos.
Deleuze: Sim, porque nos meios mundanos não se discute, não há esta vulgaridade. E a conversa é totalmente supérflua, leve, com evocações extremamente rápidas. São emissões de signos muito interessantes.
(texto retirado do vídeo Style, Estilo - Programa da série "O abecedário de Gilles Deleuze" aqui )

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