DESCASCA-SE LARANJAS
Cássia Nunes
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TRAJETO COM BETERRABAS

Ocupa Goiânia (Bosque dos Buritis, 2014)
Fotografias de Izabel Noleto, Luiz Gonçalves e Carolina Fonseca


Assumindo a partilha como a busca que move a performance Descasca-se Laranjas, a realizei desta vez em parceria com a artista Ana Reis e seu Trajeto com Beterrabas, integrando uma série de ações de apropriação de espaços urbanos que fizeram parte da programação do Ocupa Goiânia, evento idealizado pelo CAU/GO em comemoração aos 81 anos de Goiânia.

Escolhemos o Bosque dos Buritis, por senti-lo como um suspiro em meio à sequidão da cidade que desejamos refrescar ofertando um suco que fizemos com laranjas e beterrabas. Após este primeiro momento, cada uma seguiu itinerante numa provocação performativa impregnada de cheiros, cores e sabores.

Descascar laranjas, descascar a si mesma. Somos constituídos por uma multiplicidade de elementos, de camadas. Casca, pele, polpa, sementes, sumo, bagaço. Manifestamos e acessamos tais elementos em diferentes situações, a partir de inúmeros olhares que cotidianamente nos atravessam. Quem nos olha, como nos olham?

Partindo da construção de uma metáfora da laranja como recurso para falar das relações entre interioridade e exterioridade do eu e as maneiras como nos mostramos aos outros, evidencio a temática do olhar.

Bloqueio em mim o sentido da visão para despertar o olhar do outro. Com os olhos vendados, caminho carregando o saco de laranjas, me guiando pelas vozes das pessoas presentes no espaço. A cada parada, uma laranja descascada e compartilhada. A sutileza do risco instaurado é capaz de despertar nos passantes curiosidades e elucubrações em uma espécie de tempestade de criação de novos sentidos.













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