notas de chegada#3
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lá a vegetação estava muito seca. as cores meio desbotadas. muitas árvores sem folhas. pastos ralos e vacas magras. vi uma morta. calor escaldante. nunca vi tantos carros abandonados, despedaçados e enferrujados. entrar na água era um bálsamo. eu via muita beleza nisso tudo. uma beleza dura, árida, difícil. sabe? a densidade e grandiosidade das rochas marcam a paisagem. desafiam nosso entendimento do que é grande, pequeno, ínfimo. às vezes, durante os deslocamentos de carro, eu elegia os segundos que as coisas permaneciam em minha vista como uma unidade de medida possível e inexata, capaz de mensurar extensões. coisas humanas duravam muito pouco nas minhas vistas. as cavernas guardam algo de imponderável! são imensidões abertas debaixo da terra me convidando a estar mais. acho q fiquei muito pouco. é que sou do tipo slow | contemplativa. devo voltar em novembro, quero dormir pelo menos uma noite dentro de uma das cavernas. já o meu presente pra vc é uma leveza achada no meio disso tudo. uma parte transportável daquele lugar.

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