segunda sessão de análise.
saio pensando sobre esse processo terapêutico de ficar falando de mim
para uma estranha que não fala de si.
método esquisito de troca.
desculpa pra ter onde chorar.
escondo os olhos marejados com os óculos escuros e encontro minha imagem refletida na cidade.
no chão.
fui me esconder, mas
a rua me expôs
num espelho quebrado,
camuflado numa moita,
escorado num muro marcado pelo acúmulo de inscrições marginais,
camadas de tintas,
desgastes e remoções de parte do seu reboco.
palimpsesto.
meu rosto refletido se compõe
do lado esquerdo
com o buraco do muro e a exposição de seus tijolos,
do lado direito
com uma via de passagem de veículos e pessoas.
penso na análise como a conciliação de dois caminhos.
um de escavação e entranhamento da self.
outro de fluxo e desmistificação
de nossos trânsitos, 
comunicação
e atravessamentos com outros corpos.

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